O homem esta incessantemente em busca da felicidade que lhe escapa sem cessar, porque a felicidade sem mescla não existe na Terra.
Entretanto, malgrado as vicissitudes que formam o cortejo inevitável dessa vida, poderia pelo menos gozar de uma felicidade relativa, mas ele a procura nas coisas perecíveis e sujeita às mesmas vicissitudes, quer dizer, nos prazeres materiais, ao invés de procurá-la nos prazeres da alma, que são um antegozo dos prazeres celestes, imperecíveis; em lugar de procurar a paz do coração, única felicidade real deste mundo, é ávido de tudo aquilo que pode agita-lo e prejudica-lo; e, coisa singular, parece criar propositadamente tormentos que não cabe senão a ele evitar.
Haverá maiores tormentos que aquele causado pela inveja e o ciúme? Para o invejoso e o ciumento não há repouso; estão perpetuamente em febre; o que eles não têm e o que os outros possuem lhes causam insônia; os sucessos de seus rivais lhes dão vertigens; sua emulação não exerce senão para eclipsar seus vizinhos, toda sua alegria esta em excitar nos insensatos como eles a cólera do ciúme de que estão possuídos. Pobres insensatos, com efeito, que não sonham que talvez amanha lhes será preciso deixar todas as futilidades cuja a cobiça envenena sua vida! Não é a eles que se aplicam estas palavras: ”Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados”, porque seus cuidados não são daqueles que têm compensação no céu.
De quantos tormentos, ao contrario, se poupa aquele que sabe se contentar com o que têm, que vê sem inveja o que não tem, que não procura parecer mais do que é. Ele está sempre rico porque, se olha abaixo de si, em lugar de olhar acima, vera sempre, pessoas que têm menos ainda; é calmo, porque não cria para si necessidades quiméricas, e a calma, no meio das tempestades da vida, não será felicidade?
(FÉNELON, Lião, 1860)
Um texto tirado do livro (O Evangelho Segundo o Espiritismo) Allan Kardec
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